Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Venezuelano foi detido em Foz por portar malas cheias de roupas engomadas com cocaína
População carcerária
Paraná é o terceiro estado com a maior quantidade de detidos de outros países. Tráfico de drogas é a principal causa
Na lista de crimes cometidos, o tráfico internacional de entorpecentes vence disparado. A razão é simples: quase toda a droga consumida no Brasil é produzida fora. A maconha, por exemplo, vem do Paraguai, que também serve como corredor para a cocaína produzida na Colômbia e na Bolívia. Além da proximidade com esses fornecedores, o país serve de rota para a Europa. Pela localização, os estados de fronteira são usados como porta de entrada de toda essa droga.
Alternativa
Transferências ajudam na ressocializaçãoEstrangeiros presos no Brasil podem ser expulsos depois de cumprirem toda a pena a que foram condenados ou transferidos para cumprir parte da pena no seu país de origem. Instrumento validado por ao menos dez tratados internacionais, a transferência tem como principal objetivo auxiliar na ressocialização dos detentos.
Como explica a diretora do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Izaura Miranda, essa alternativa, que depende do cumprimento de requisitos como disponibilidade de vagas e a vontade do preso, tem cunho humanitário e objetiva aproximar o preso da família e do seu ambiente social. “É uma medida importante de apoio psicológico e emocional. O preso estrangeiro nem sempre pode exercer de forma ampla seus direitos, além de estar afastado da sua cultura originária. Isso o submete a situações graves de adaptação, o que prejudica o fim último da pena, que é a reintegração à sociedade.”
As primeiras transferências foram realizadas graças a um acordo firmado pelo Brasil com o Canadá em 1998 para beneficiar dois dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. Anos depois o benefício alcançou o restante do grupo por meio de acordos com o Chile (1999) e com a Argentina (2001). Em 2012, 17 presos foram repatriados:. Em contrapartida, 34 brasileiros retornaram ao país. (FW)
Sem espaço
Superlotada, a carceragem da delegacia da PF, projetada para abrigar 14 presos, estava no início do mês com 65, 20 deles de outros países. Brasileiros, paraguaios, argentinos, espanhóis, venezuelanos, libaneses e norte-americanos dividem o pouco espaço. A língua comum é uma mistura carregada entre o português e o espanhol. Para passar o tempo, há jogo de cartas, futebol improvisado no solário, televisão e livros.
A visita de parentes que moram na região e a oportunidade de falar com a família distante ao menos uma vez por mês pelo telefone também ajudam a amenizar a espera. O espanhol Juan*, 38 anos, preso há dez meses quando tentava embarcar para a Espanha com cocaína líquida, conheceu o filho mais novo, agora com 5 meses, por fotos enviadas por e-mail pela esposa.
José*, dançarino venezuelano de 24 anos, flagrado em novembro com outros dez conterrâneos carregando malas cheias de roupas engomadas com cocaína, emociona-se ao falar da família e do plano que tinha de pedir a namorada, também presa, em casamento. “São muitas as dificuldades estando longe. O que mais quero agora é voltar para casa.”
* Nomes fictícios
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