quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tomate inspira contraventores na fronteira

Marcos Labanca/ Gazeta do Povo / Supermercado argentino: procura de brasileiros pelo valioso tomate está esgotando estoques
Foto Marcos Labanca / Gazeta do Povo


Produto é vendido na Argentina pela metade do preço. Aduana já apreendeu cargas de 250 quilos
A lista de alimentos importados sem autorização e apreendidos na aduana brasileira na fronteira com a Argentina ganhou nas duas últimas semanas mais um item: o tomate. Além das apreensões de trigo, cebola, carne, alho e camarão, o tomate contrabandeado tem chamado a atenção dos fiscais.
Nas últimas semanas, o fruto chegou a custar R$ 9 o quilo em algumas prateleiras em Foz do Iguaçu, do lado brasileiro. O mercado ilegal para o transporte do tomate do país vizinho ganhou adeptos e até rotas alternativas. “Antes a gente via muito pouco tomate, agora, em menos de duas semanas, chegamos a apreender 250 quilos numa vez só”, contou o auxiliar operacional agropecuário Augusto Fonseca, o único funcionário do Ministério da Agricultura na Aduana.
Produtos agrícolas in natura não podem ser cruzar a fronteira sem passar por um processo que inclui fiscalização fitossanitária e autorizações de importação. Nada disso ocorre no transporte informal constatado na Ponte Tancredo Neves. Os resultados são verdadeiras montanhas de alimentos apreendidos no lado brasileiro e encaminhados à secretaria do Ministério da Agricultura em Foz do Iguaçu.
Sem punição ou multas, a reincidência é quase constante na fronteira. “A gente sabe que os motoristas são os mesmos, mas vem sempre com carros diferentes, geralmente com vans”, explica Fonseca. De acordo com ele, a maioria é formada por motoristas paraguaios (90%) que buscam o tomate e revendem em Foz, em mercados e restaurantes. “O restante levam embora para o Paraguai, mas é uma quantidade muito pequena”, afirma.
Quando a fronteira aperta o cerco, a contravenção encontra espaço em pequenas rotas alternativas tanto do lado argentino quanto do brasileiro. “Nas vias a gente não vai, daí quem faz a segurança é a Polícia Federal”. Nos espaços até mesmo bicicletas são utilizadas para o transporte dos alimentos.
Hermanos
Atravessando a fronteira é possível encontrar preços mais atraentes, devido ao câmbio. Nas apreensões os contraventores chegaram a pagar R$ 40 por uma caixa com 20 quilos (R$ 2 por quilo). Nos mercados do centro de Puerto Iguazú, onde a circulação de brasileiros é maior, o quilo varia de R$ 3 a R$ 5,60, dependo do tipo do tomate. “O mercado aqui traz alimentos uma vez por semana do mercado central de Posadas [capital da província de Misiones, a 300 quilômetros de Puerto Iguazú]. Antes durava cinco dias, agora a gente coloca e somem da prateleira”, disse o atendente Alexandre Monteiro.
Fora dos mercados, nas quitandas, o preço do tomate é livre. “Há uma semana custava R$ 4,80 o quilo e hoje custa R$ 5,60, mas a alta veio por conta das enchentes em La Plata e não pela procura”, justificou o verdureiro Adrian Antunes.

  Daniela Valiente, especial para a Gazeta do Povo / Foto Marcos Labanca

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