quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Agora você pode comprar o pequeno computador Raspberry Pi por US$35


Ontem vimos o “menor computador do mundo” sendo vendido por US$199. Mas a Raspberry Pi tem algo diferente a oferecer, e avisou que faria hoje um anúncio importante: agora você pode comprar este pequeno computador – que faz streaming via AirPlay e roda Quake III – por US$35!
O Raspberry Pi Model B está em fase final de produção na China, mas já está disponível em pré-venda. Ele tem processador ARM11 de 700MHz, 256MB de RAM, duas portas USB, porta Ethernet, entrada para cartão SD, saída de áudio e HDMI. Ele faz boot a partir do cartão SD e roda Fedora Linux.
Mas o melhor é o preço: trinta e cinco dólares. Nem R$60. É um computador extremamente barato, feito para você aprender a programar. Na verdade, a ideia do Raspberry Pi é que todo o lucro que vier das vendas será doado à Raspberry Pi Foundation, instituição criada para fornecer pequenos PCs como estes a escolas, e estimular crianças a aprender a programar.
Você pode comprar o Raspberry Pi na Premier Farnell e na RS Components. Mas tenha paciência: os sites estão lentos porque a demanda é grande. [Raspberry Pi]
Especificações:
- Processador ARM1176JZFS Broadcom BCM2835 de 700MHz com FPU e GPU Videocore 4
- GPU fornece Open GL ES 2.0, OpenVG acelerado por hardware e decodificação de vídeo H.264 1080p30
- GPU é capaz de 1Gpixel/s, 1.5Gtexel/s ou 24GFLOPs com filtro de textura e infraestrutura DMA
- 256MB (MiB) RAM
- Faz boot a partir do cartão SD, rodando a versão Fedora do Linux
- Porta BaseT Ethernet 10/100
- Porta HDMI
- Entrada de vídeo RCA composto
- 2x portas USB 2.0
- Entrada para cartão SD/MMC/SDIO
- Energia vem da porta microUSB
- Saída de áudio 3.5mm
- Dimensões: 85.6 x 53.98 x 17mm

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Será um Ovni


Essa foto foi tirada hoje dia 20 de Fevereiro de 2012  , na cidade de Curitba as 06:40 A.M, nota-se dois objetos arredondados que se parecem a uma arraia, no mínimo o fato é curioso .
Foto: Gláucia Labanca.

Os Melhores momentos do Carnafalls 2012 , em video.

Carnaval Infantil , em Fotos




Fotos : Marcos Labanca.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nem a legislação ajuda os brasiguaios

Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Marcos Labanca/ Gazeta do Povo / Polícia interditou fazenda de brasileiro sob o pretexto de respaldo judicial 
  Polícia interditou fazenda de brasileiro sob o pretexto de respaldo judicial

   
Deputados paraguaios estiveram ontem nas regiões de conflito de terra no estado de Alto Paraná, na fronteira com o Brasil e a Argentina, para avaliar a situação e cobrar o respeito às leis. Em Ñacunday, a 85 quilômetros a Oeste de Foz do Iguaçu, cerca de oito mil “carperos” (nome dado aos sem-terra paraguaios) estão acampados em propriedades rurais de brasileiros desde setembro. Já em Mbaracayú, a 80 quilômetros a Noroeste, desde o final de janeiro homens da Policia Nacional ocupam uma das 30 fazendas – também de brasileiros – e alegam pertencerem a uma empresa paraguaia.
O resultado é que as lavouras de soja e de milho estão paradas e, por isso, tudo o que foi plantado corre o risco de ser perdido. Segundo o engenheiro agrônomo Rubén Sanabria, representante da Coordenadora Agrícola do Paraguai (CAP), em Alto Paraná, os policiais deslocados da capital Assunção que interditaram a fazenda, de acordo com eles, estariam amparados por uma ordem judicial que proíbe os produtores brasileiros de trabalharem e circularem pela propriedade.
O deputado Justo Zacarías Irún, um dos parlamentares que se reuniu ontem em Santa Rosa del Monday com cerca de 300 agricultores das duas regiões em conflito, se mostrou preocupado com o aumento da tensão e o desrespeito à legalidade. “As leis precisam ser cumpridas. Os produtores de Ñacunday não são contra as demarcações exigidas pelo Instituto de Terras, desde que feitas dentro das leis vigentes e sem abuso.” Na semana passada, o governo anunciou a instalação de ‘escolas carpas’ e de atendimento médico aos acampados.
Os agricultores acusam o governo do presidente Fernando Lugo de apoiar e incentivar as invasões às propriedades de brasileiros, responsáveis por quase 90% de toda a produção paraguaia de soja e de grãos. Eles denunciam que as ameaças são constantes, que desde o ano passado estão vivendo momentos de terror e que o desrespeito à Constituição é cada vez maior, sem que se visualize qualquer intenção de se solucionar o problema de forma justa.
Apesar da ordem de prisão contra os sem-terra que ocupam a Fazenda Agro Toro, de propriedade do brasileiro Tranquilo Favero, maior produtor de soja do Paraguai, o líder dos carperos, Victoriano López, reafirmou ontem que eles não desocuparão o local. “Não estou preocupado porque esta ordem não será cumprida. Estamos em uma área pública”, reforçou ao alegar que as barracas estão sob as linhas de transmissão de energia da estatal Ande. Além disso, defende que a área conta com mais de 169 mil hectares pertencentes ao Estado.
Famílias ameaçadas não sabem para onde ir
“Ilhado” na própria propriedade de 20 hectares em Mbaracayú, o brasileiro Janilson dos Santos, 46 anos e há 40 anos no Paraguai, diz temer o pior e não saber o que fazer caso tenha que deixar as terras. “Há quase três semanas não como e não durmo direito. Durante o dia vejo os policiais ostentando as armas e passando pela estrada que fica a dez metros da minha casa. À noite, ouço os tiros”, conta ele, lembrando que para sair de casa usa um caminho alternativo pela propriedade vizinha.
Pelo portão montado por policiais na entrada da fazenda, Santos garante que só pode passar raras vezes e somente durante o dia. “Se não quiser levar tiro, o melhor mesmo é ficar em casa. E, se formos despejados, a mudança está pronta. O problema é que não sei o que vou fazer depois. Vim de Assis Chateaubriand para o Paraguai aos 6 anos, com os meus pais. O que tenho está aqui em cima destas terras. Isso é um desrespeito à propriedade privada”, lamenta.
Os conflitos em Mbaracayú, conta o agricultor Mário Rudi Toillier, se estendem por cerca de dez anos, quando a empresa Fécula Paraná entrou na Justiça exigindo a reintegração de posse sem sucesso. “Mais tarde foi a vez da Industrial Furtuna, que também não conseguiu nada, agora é Benita S.A.” Os títulos apresentados, segundo ele, não estão inscritos no Registro Nacional. “Nem hipoteca no banco conseguiriam, ao contrário de nós. Não vamos deixar que tomem nossas terras.”

 Fabiula Wurmeister, enviada especial / Foto: Marcos Labanca

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ecomuseu: uma viagem pedagógica pela fronteira

Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Marcos Labanca/ Gazeta do Povo / Túnel virtual com piso interativo mostra os efeitos da exploração descontrolada do meio ambiente  
Túnel virtual com piso interativo mostra os efeitos da exploração descontrolada do meio ambiente


Estimular o sentimento de pertencimento é uma das estratégias dos coordenadores dos projetos ambientais desenvolvidos pela Hidrelétrica de Itaipu para conseguir maior engajamento da população que integra a Bacia Hidrográfica do Rio Paraná 3 – área que compreende cerca de 8 mil km2 de afluentes que lançam suas águas diretamente no Rio Paraná, onde está situado o Lago de Itaipu. Parte deste trabalho, realizado em 29 municípios do Oeste do Paraná, pode ser visto e desenvolvido no Ecomuseu de Itaipu, em Foz do Iguaçu, reaberto no início do mês depois de quase dois anos de reformas.
O local é dividido em cinco espaços temáticos e expositivos. Entre eles, o que chama mais atenção é o “Módulo Gestão Socioambiental: uso qualificado do território”. Depois de conhecer parte do passado da região, da pré-história ao período de construção da usina, e entender como funciona a produção e transmissão de energia elétrica em Itaipu – com uma réplica em 60% do rotor de uma das unidades geradoras –, o visitante chega a um túnel virtual com piso interativo.
Água Boa
Ação recupera microbacias
Mais do que envolver apenas as 13 cidades lindeiras ao Lago de Itapu, o Programa Cultivando Água Boa desenvolve atualmente 25 projetos e 65 ações nos 29 municípios da região que integram a Bacia do Paraná 3, em uma área por onde se espalha mais de 1 milhão de habitantes. O programa teve início em 2003, desde o começo como alternativa de enfrentamento às drásticas mudanças climáticas mais intensamente notadas na última década.
Por entender que os efeitos dessas alterações são um sério risco à sobrevivência humana e estão diretamente relacionados com a água e seus múltiplos usos (a produção de alimentos e de energia, o abastecimento público, o lazer e o turismo), as ações de educação, recuperação e preservação socioambientais são desenvolvidas levando em conta esses e outros aspectos.
As ações vão desde a recuperação de microbacias – cerca de 150 – e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade, até a disseminação de conhecimentos que contribuem para o cuidado e o respeito ao meio ambiente.
Serviço
O Ecomuseu recebe visitantes de terça a domingo, das 8 às 17 horas. Os ingressos custam R$ 8 (inteira). Mais informações: www.turismoitaipu.com.br.
No chão, conforme se anda sobre a projeção, imagens de um solo seco dão espaço a farta vegetação e sons que reproduzem a vida em uma floresta. Os efeitos da exploração descontrolada do meio ambiente apontam para o papel de cada um na sustentabilidade do planeta. “Este é um espaço voltado à comunidade, daí o nome Ecomuseu, conceito criado pelo francês Hugues de Varine, para quem o museu é um espelho em que a comunidade se olha e se reconhece”, explica a gerente da divisão de Educação Ambiental de Itaipu, Silvana Vitorassi.
Identidade
Na sala seguinte, uma maquete de 10 metros de comprimento por 7,6 de largura, uma das maiores do país, permite que o visitante faça uma viagem pedagógica pela fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Sob o piso transparente, a dimensão da bacia hidrográfica, o relevo e as ações de preservação e sustentabilidade que vêm sendo desenvolvidas impressionam.
Oito monitores com telas “touch screen” exibem informações de cada um dos 29 municípios da bacia e as ações desenvolvidas. Depoimentos de moradores envolvidos diretamente nos projetos de educação, recuperação e preservação ambiental realizados dentro do Programa Cultivando Água Boa ajudam a mostrar que a união de esforços é fundamental quando se trata de meio ambiente.
Por ano, cerca de 1,5 mil alunos são diretamente orientados em visitas ao museu. As exposições, em conjunto com uma cartilha pedagógica que está sendo elaborada por especialistas e que será distribuída nas escolas da região, serão uma das ferramentas de educação ambiental voltada aos estudantes.

 Fabiula Wurmeister, da sucursal
Foto: Marcos Labanca/Gazeta do Povo

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

iLID é uma capa que protege seu iPhone e seu dinheiro


Essa capa para iPhone é para aqueles que não gostam de carregar mil coisas ao mesmo tempo. Além de proteger seu smartphone, ela ainda é uma carteira e um stand.
Basta abrir a carteira para ver que, em um espaço bastante fino e discreto, há um clipe para você prender dinheiro, um lugar para cartões e até espaço reservado para uma chave. Essa não é a primeira “carteira” para iPhone no mercado, mas é uma das mais finas, com apenas 17mm de espessura.
Além de guardar seus pertences, a carteira ainda dobra de maneira que pode servir como um stand para seu smartphone. Ela tem um design discreto (em preto), bonito e que não chama atenção. Há todos os espaços normais para os botões na lateral e para entrada de fone.
A iLID, que começou como um projeto no site Kickstarter, já tem todos os fundos que precisa para produção. A capa/carteira deve começar a ser vendida no próximo mês por cerca de 40 dólares.

Nikon lança modelo D800 com 36 megapixels

A Nikon lançou hoje a câmera D800 que traz um sensor full-frame com 36,6 megapixels de resolução.
O novo “monstrinho” DSLR da Nikon é voltado para fotógrafos profissionais que trabalham em estúdio ou com eventos e necessitam de fotos com alta resolução – a D800 produz imagens de até 7.360 x 4.912 pixels.
A câmera traz opções de ISO de 100 a 6.400 (expansível para 25.600) com sensor RGB de 91.000 pixels, tela de 3 polegadas com modo live view e compartimento duplo para cartões de memória (CF e SD).
A D800 também grava vídeos em alta definição. Usando uma compressão de dados B-frame é possível gravar até 20 minutos em formato h.264 Full-HD (ou 30 minutos em HD).
A Nikon também lançou uma versão chamada D800E que possui o filtro “low-pass”, que permite reduzir o ruído das cores, porém também pode deixar a imagem menos nítida. A D800 vem sem esse filtro.
Os modelos estarão disponíveis a partir de março por US$ 3.000 (D800), e em abril por US$ 3.300 (D800E).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Paraguaio não adere à Lei do Sacoleiro

Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Marcos Labanca/ Gazeta do Povo / Aduana brasileira já está preparada para receber microempresários  
Aduana brasileira já está preparada para receber microempresários


O Regime de Tributação Uni­ficada (RTU), conhecido como Lei do Sacoleiro, começou a vigorar ontem na fronteira sem nenhuma empresa paraguaia cadastrada para vender mercadorias. Na prática, apesar de já estar valendo, ainda é impossível usar o benefício para fazer compras no país vizinho. No lado brasileiro, cerca de 350 microempresas aderiram ao regime, das quais 100 do Paraná, 34 delas de Foz do Iguaçu.
Regulamentado pelo Decreto 6.956, de 2009, o RTU permite importação de produtos adquiridos do Paraguai com valor de até R$ 110 mil ao ano mediante o pagamento unificado de tributos. Será cobrada uma alíquota única no valor de 25%, referente ao Imposto de Importação, IPI, PIS e Cofins, além do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no estado de origem da empresa. O regime só é válido para mercadorias do Paraguai importadas por via terrestre.
Lista
Para aderir ao RTU, os microempresários interessados precisam se cadastrar em uma unidade da Receita Federal do Brasil (RF) e obedecer a uma lista de mercadorias passíveis de importação, que não contempla, por exemplo, cigarros, bebidas e brinquedos, itens que estão entre os mais vendidos no comércio paraguaio. Estão liberados eletrônicos, equipamentos de informática e de telecomunicações, incluindo celulares. Bebidas alcoólicas, utensílios domésticos e material escolar também não podem ser adquiridos. O cadastro só é permitido para microempresários com receita anual bruta de até R$ 360 mil. Para os microempreendedores, o limite é de R$ 60 mil ao ano. Ambos devem estar inscritos no Simples Nacional.
No lado brasileiro, toda a infraestrutura necessária para o RTU funcionar está pronta. Uma sala foi instalada na aduana brasileira para o pagamento de impostos. Também foi implantado um sistema de informática integrado com a aduana e com lojas paraguaias, que permite ao fiscal brasileiro acessar preços e características dos produtos adquiridos para averiguar se os produtos adquiridos correspondem ao valor da nota emitida pelas lojas. Os produtos adquiridos pelo regime só podem ser vendidos ao consumidor final.
Autoridades paraguaias presentes no lançamento do RTU ontem informaram que o cadastro das empresas no país vizinho começou a ser feito há uma semana, por isso ainda não há adesão. No entanto, garantiram que há comerciantes interessados. A solenidade, em Foz do Iguaçu, também contou com a participação do secretário da RF Carlos Alberto Barreto.
O auditor-fiscal Ivair Hof­­fmann calcula que pelo menos mil empresas devem aderir ao regime no lado brasileiro nos próximos meses. “A atividade que hoje é informal acaba se transformando em lícita”, diz. A RF não tem estimativas da quantidade de pessoas que estão na informalidade e vão migrar para o RTU.


Denise Paro, da sucursal / Gazeta do Povo


Foto: Marcos Labanca / Gazeta do Povo




Carperos avançam e polícia retira reforço

Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Acampamento dos sem-terra se estende por 8 quilômetros, à espera para invadir propriedades próximas  
Acampamento dos sem-terra se estende por 8 quilômetros, à espera para invadir propriedades próximas 
 
Dez mil pessoas estão à espreita para invadir terras de brasileiros. Maior produtor do país inicia colheita sob escolta
Cerca de 150 policiais mobilizados para cumprir uma ordem de reintegração de posse em favor de dois agricultores brasileiros em Ñacunday, no Paraguai, retornaram ontem a Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. Deixaram a região um dia depois que parte dos mais de 8 mil sem-terra acampados às margens da estrada começou a avançar sobre fazendas do Grupo Favero, um dos mais produtivos do país, que anteontem voltou a colher soja com auxílio de escolta policial.
Os carperos – como são chamados em espanhol os que vivem em barracas – reivindicam uma área de mais de 167 mil hectares que alegam ser do Estado e que teria sido ocupada ilegalmente por estrangeiros, a maioria brasileiros, a partir de 1890. “Os produtores que hoje estão explorando estas terras não têm direito sobre elas. Os títulos que dizem ter são falsos. Não teríamos problema de dividi-las com os brasileiros, desde que provassem que têm direito sobre elas”, desafia o líder sem-terra Victoriano López.
Em cinco meses, o acampamento Santa Lucía passou de 200 para 10 mil carperos. “Temos condições de mobilizar mais de 30 mil, basta uma ordem da coordenação”, garante López. Na terça-feira, o grupo começou a avançar sobre as terras do brasileiro Tranquilo Favero. Os sem-terra deixaram a área pacificamente, antecipando-se à possibilidade de confronto ar­­mado e retirada forçada pela polícia em cumprimento à reintegração de posse. A estratégia é ganhar tempo, já que as decisões judiciais se referem à antiga ocupação. Agora ocupam 8 quilômetros sob as linhas de transmissão de energia da estatal Ande.
As invasões e ameaças contra os agricultores levaram o Consulado Brasileiro a solicitar, em nota, proteção policial aos produtores. “Os brasileiros en­­vol­­vidos neste conflito possuem títulos de propriedades legalmente inscritos nos Re­­gistros Públicos, o que lhes garante plena validade, até que se demonstre em sentença definitiva de juiz competente que são nulos. Por isso, têm o direito expresso na Constituição Na­­cional de dispor de sua propriedade privado, a qual deve ser garantido pelas autoridades competentes.”

  Fabiula Wurmeister, enviada especial / Gazeta do Povo
Foto : Marcos Labanca / Gazeta do Povo

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

CARTA DO DR. AIEX NA FOLHA

A Folha de São Paulo de ontem (06/02) trouxe mais uma carta do nosso colaborador, Dr. Aiex. A mesma versa sobre um assunto muito sério, que foi alvo de muito estudo por parte do nosso psiquiatra, que escreveu um livro a respeito do tema. Seu livro será lançado em maio e tem o título de "Psiquiatria sem alma". Enquanto o livro não vem, o Dr. Aiex discute o tema com o Brasil, através de órgãos de imprensa como a Folha, a Veja, a Época, a IstoÉ, a Mente e Cérebro, a Carta Capital, a Gazeta do Povo e a Galileu. Ele só não consegue sair na "azedinha". Leia a carta que saiu na Folha ontem:

O texto "Novo manual de diagnóstico causa 'guerra' na psiquiatria" ("Saúde", ontem) tratou de um assunto que já está beirando o absurdo. Em primeiro lugar, é evidente a influência da indústria farmacêutica sobre o colégio de psiquiatras americanos que estão elaborando a nova versão do DSM (Manual de Diagnósticos e Estatísticas), a quinta.
Os jornalistas Cláudia Collucci e Rafael Garcia, que redigiram a reportagem, tem acompanhado tal fenômeno, principalmente no que diz respeito ao chamado Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que tem proporcionado que um sem número de crianças e jovens sejam medicados, sem necessidade, com substâncias químicas que poderão prejudicar seus cérebros, como a famosa Ritalina.
Não só os psicólogos, mas toda a sociedade deve se manifestar sobre tal barbaridade que estão cometendo contra a saúde mental das pessoas, puramente por razões econômicas.

JOSÉ ELIAS AIEX NETO, médico psiquiatra (Foz do Iguaçu, PR)

Tem brasileiro no acampamento


Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Cerca de 10 mil campesinos estão acampados na divisa entre duas propriedades de brasiguaios, em Ñacunday: brasileiros misturados aos paraguaios 
Cerca de 10 mil campesinos estão acampados na divisa entre duas propriedades de brasiguaios, em Ñacunday: brasileiros misturados aos paraguaios


Pelo menos 100 sem-terra do Brasil engrossam o movimento carpero no Paraguai. Eles também reivindicam terras de brasiguaios
Ñacunday, Paraguai - Entre goles de chimarrão, sentado na soleira da casa de um cômodo feita de folhas de compensado, ao lado da mulher e da filha, Carlos demora para abrir o jogo. Conversa sobre a vida no campo, a luta por um pedaço de terra, até que uma palavra ou outra em bom português começa a pontuar a conversa, antes em puro castelhano.

Revela, mais de meia hora depois, que é brasileiro, assim como outros cem que também acampam em Ñacunday, em uma área em que paraguaios tentam retomar as terras de fazendeiros do Brasil que se instalaram por ali décadas atrás.
Ataques
Líderes são alvos de acusações
Atualmente, 80% dos 6 milhões de habitantes do Paraguai não têm terra, segundo os carperos. A maioria está espalhada em áreas de fronteira. No acampamento em Ñacunday vivem 10 mil e a previsão é de que o grupo aumente nas próximas semanas. Nos últimos três dias, cerca de 40 barracas foram montadas. Muitos chegam de moto, carro ou caminhão. Trazem uma muda de roupa e são amparados pelos sem-terra, depois de recebidos por dirigentes do movimento que, em meio a denúncias, continuam muito respeitados.
O líder Victoriano Lopez Cardoso está sob suspeita de explorar prostituição feminina no acampamento para bancar suas despesas com as viagens de avião para Assunção. Outro dirigente, Rosalino Casco, é acusado de ameaçar de morte jornalistas paraguaios. “Essa acusação é um absurdo, basta falar com todos aqui e você vai ver que isso não existe”, defendeu-se Lopes, enquanto Casco nega as ameaças ao mesmo tempo em que admite a intolerância com a imprensa daquele país e a maneira com que ela registra o movimento campesino local. (O Globo)
Lugo pede trégua a sem-terra paraguaios
Os sem-terra paraguaios vão suspender por uma semana a ameaça de invasão de terras produtivas de brasileiros na região do Alto Paraná, na fronteira do país com o Brasil. Em assembleia de cerca de três horas, na noite de sábado, os carperos decidiram dar uma trégua e aguardar uma solução do governo paraguaio, como solicitado pelo presidente Fernando Lugo.
“O governo se comprometeu a pedir aos estrangeiros os títulos de propriedade para verificar se são autênticos e vamos esperar que essa verificação seja realizada na próxima semana”, disse um dos líderes do movimento, Federico Ayala, em entrevista por telefone.
Os sem-terra defendem a revisão dos títulos das propriedades rurais adquiridas nos últimos 40 anos. O processo envolveria cerca de 10 mil produtores rurais brasileiros que têm terras na região. Para os sem-terra, as fazendas foram adquiridas ilegalmente.
Legalidade
Após encontro, semana passada, com os carperos, Lugo analisou a situação com seus principais mi­­nis­­tros e assessores relacionados à questão agrária em reunião na manhã de sábado, na residência oficial, em Assunção. Ao fim do encontro, o ministro-chefe do Ga­­bi­­nete Civil, Miguel López Perito, informou que o presidente fará um pronunciamento sobre o conflito hoje. López Perito antecipou que a solução ocorrerá dentro da lei.
A atitude do governo não foi suficiente para acalmar os brasileiros ameaçados pela invasão. “A promessa tranquilizará na medida em que for efetiva. Se só fala e não faz, não resolve nada”, disse o gerente-geral da Coope­rativa de Produtores de Naranjal (Copronar), com sede a 50 quilômetros de Santa Rosa de Monday, Sergio Luis Senn. Os brasiguaios representam 85% dos produtores da cooperativa.
“Não sabemos se esse prazo pedido para cumprir a lei é so­­mente uma manobra para ga­­nhar tempo ou se é mesmo para fazer o levantamento da situação na região”, emendou. (Agência Estado)

A presença de Carlos e outros sem-terra brasileiros coloca em xeque o alvo da disputa: brasileiros estão tentando ocupar fazendas de brasileiros que, por sua vez, são acusados pelos paraguaios de explorar terras que, na versão deles, não poderiam estar nas mãos de estrangeiros. O imbróglio explica, em parte, porque os brasileiros tentam se camuflar em meio aos sem-terra vizinhos.

Ainda solteiro, no final dos anos 1990, Carlos deixou Santa Catarina para tentar a sorte no Paraguai. Comprou de um brasileiro que já vivia lá um pedaço de terra suficiente para o plantio de milho e mandioca, e criação de porcos. O sonho de ganhar a vida com a agricultura, acalentado desde a adolescência, acabou três anos depois, quando descobriu, na marra, que os 20 alqueires não estavam em seu nome.

“Um dia chegou um empresário brasileiro dizendo que as terras eram dele. Ele me mostrou um documento e, quando fui ao cartório, descobri que meus papéis não valiam nada. Fomos expulsos sob ameaças”, diz, com olhos marejados, enquanto a única filha brinca em uma fogueira onde a família esquenta a água para o banho e o preparo da comida. Hoje, Carlos, a mulher e a filha são carperos, pois vivem em barracas que, no Para­guai, são conhecidas como carpas.

Tabu

A presença de brasileiros no acampamento 12 Apóstolos é tratada como tabu. Só depois de três dias percorrendo trilhas que dão acesso às barracas é que a reportagem conseguiu a primeira aproximação. Muitos, assim que a reportagem se aproximava, trocavam o português pelo castelhano. Alguns já aprenderam a falar guarani.

A direção do movimento foi quem orientou os brasileiros a evitar exposição, já que a luta dos sem-terra passa justamente pela tentativa de comprovar a ilegalidade da posse de terra por quem não é paraguaio. “Sim, estamos tentando um pedaço de terra, qual o problema?”, diz um brasileiro, que mantém a família no Paraná. “Se resolverem a situação, trago todo mundo, mas antes quero ter a certeza de que poderemos ficar tranquilamente.”

O comando dos sem-terra minimiza a presença de brasileiros no acampamento. “Tinha uns dez, mas já foram embora”, despista Victoriano Lopez Cardoso, líder do grupo. “Eles estão proibidos de entrar aqui. A luta é do povo paraguaio”, reforça outro dirigente, Rosalino Casco. Assim como atesta não ter brasileiros, o comando evita se estender sobre uma possível relação com o MST brasileiro.

Foz do Iguaçu recebe Etapa de Abertura do Campeonato Brasileiro de Maratonas Aquáticas


Evento esportivo contará com a presença da campeã mundial de Maratonas Aquáticas, Ana Marcela Cunha, e Poliana Okimoto, atleta com índice olímpico para as Olimpíadas de Londres 2012.
A maratona aquática é uma prova de natação de longa distância e alta resistência, disputada no mar, em rios ou lagos. É uma modalidade que  conquista a atenção do público principalmente por conta do fator desafio. As travessias são um esforço solitário, em que  o atleta precisa de controle mental para suportar as dores físicas e as adversidades da prova, como ondas, ventos, ou outros obstáculos como nadar contra a corrente. E por incrível que pareça, são estas adversidades que atraem mais e mais atletas, pois ao final de uma travessia, independente da colocação alcançada, todo atleta sente o prazer da conquista. Nesse contexto cheio de expectativa e emoção Foz do Iguaçu se prepara para receber a etapa de abertura do Campeonato Brasileiro de Maratonas Aquáticas, no dia 12 de fevereiro. É a primeira vez que a Terra das Cataratas sedia uma das etapas da competição, inédita também no Paraná . O evento será realizado  na praia do balneário turístico de Três Lagoas.  Em uma travessia de 10 km, atletas de todo o País tentam superar seus limites. Entre os competidores estão nomes nacionalmente conhecidos no esporte, como o da nadadora Ana Marcela Cunha, que venceu a  prova de 25km, no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2011, realizado em Xangai.  Na contagem regressiva para a Olimpíada de Londres 2012, quem também participa do evento é Poliana Okimoto. A atleta do Corinthians foi prata no Pan-Americano conquistando o índice olímpico. Entre os homens o gaúcho Samuel de Bona é um dos destaques. Um dia antes da competição acontece o Congresso Técnico. Ricardo Ratto, árbitro convocado para Londres 2012 é quem coordena o evento, cujo principal objetivo é apresentar as condições da prova. O espetáculo para o público não está restrito ao desempenho dos atletas. Na praia de Três Lagoas haverá também apresentação de weakbord,atrações musicais, entre outros atrativos. Os atletas que queiram participar da competição podem obter informações pelo site www.luarsa.com.br, as inscrições prosseguem até o dia 07 de fevereiro.   O evento é uma realização da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos com apoio da Federação 

 
Serviço
Dia 11/12, sábado, 18h – Congresso Técnico no Hotel Rafain (mapa em anexo)

Dia 12/02/2012, Praia do Balneário Turístico de 3 Lagoas – Foz do Iguaçu – PR
7h e 30 min. - Concentração e Marcação
8h e 10 min. – Briefing Final
8h e 15 min. – Solenidade de Abertura e Hino Nacional
8h e 30 min – Largada da Prova Nacional 10 km
10h e 30 min. – Chegada dos primeiros atletas
11h – Início da premiação Geral
11h e 30 min. – Início da premiação Categorias
12h e 30 min. Encerramento


Assessoria

Paraguai terá autonomia ampliada

Marcos Labanca/Gazeta do Povo /
Autotranformador-regulador T5 - Foto: Marcos Labanca / Gazeta do Povo
A inauguração do conjunto transformador/regulador T5/R5 marcou ontem a conclusão do projeto de ampliação da subestação da margem paraguaia da usina hidrelétrica de Itaipu. Com a entrada em funcionamento do novo sistema e a repotencialização de outros cinco transformadores até junho, o sócio do Brasil na estatal terá capacidade para consumir até 35% da metade a que tem direito, chegando a 2,4 mil megawatts (MW) de energia, o que corresponde à potência de três das 20 unidades geradoras. O presidente paraguaio, Fernando Lugo, lembrou que a conclusão do projeto recupera um atraso de quase uma década e meia no programa de autonomia energética e do consequente desenvolvimento do país, que no ano passado registrou um crescimento de quase 15%. “Esta inauguração deveria ter acontecido em 1998. Não gosto de falar do passado, mas os governos anteriores fizeram com que perdêssemos 14 anos do nosso direito à utilização da energia de Itaipu.” Ao apontar os bons resultados do trabalho conjunto de brasileiros e paraguaios e a garantira de maior autonomia energética ao país vizinho, o diretor geral de Itaipu, Jorge Samek, aproveitou para destacar o novo recorde de produção atingido no mês passado. Nos 31 primeiros dias do ano, a usina produziu 8.465.855 megawatts-hora (MWh) de energia, o melhor resultado para o mês de janeiro desde 1991. Samek adiantou ainda que a meta para este ano é atingir 100 milhões de MWh, quase 8 milhões a mais que em 2011.

Brasiguaios e “carperos”: direitos em pé de guerra no Paraguai

Enquanto brasileiros dizem ter pago pelas terras paraguaias, os sem-terra alegam que propriedades foram ocupadas ilegalmente no passado


Foto: Marcos Labanca /Gazeta do Povo
Ñacunday, Paraguai - Acampados sob uma linha de transmissão de energia, na divisa entre duas propriedades rurais de produtores de sojas brasileiros, cerca de 10 mil “carperos” – como em espanhol são chamados os que vivem em barracas – aguardam uma decisão do governo paraguaio e a concretização do plano de reforma agrária. “Estamos há 13 anos nesta situação, esperando que nos deem o direito de ocupar as terras que são dos paraguaios por direito”, afirma o líder do acampamento Santa Lucía, Victoriano López, na cidade de Ñacunday, a cerca de 75 quilômetros da fronteira com Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.
Do outro lado, agricultores brasileiros tentam na Justiça fazer prevalecer o direito que têm sobre as terras, a maioria delas adquiridas há cerca de 40 anos, quando, incentivados pelo presidente Alfredo Stroessner, imigraram para o Paraguai. Neste intervalo, o domínio da agricultura mecanizada fez com que garantissem ao país o título de maior produtor de soja do mundo. “Se hoje temos uma vida confortável, tudo isso foi alcançado com muito trabalho e suor dos nossos pais”, rebate o membro da Coordenadora Agrícola do Paraguai (CAP), em Santa Rosa del Monday, Márcio Giordani.

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Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Grupos lutam há 13 anos para obter a posse de 167 mil hectares  de terras 
Grupos lutam há 13 anos para obter a posse de 167 mil hectares de terras
Opinião
Impasse no campo
Ramón Fogel, filósofo e sociólogo estudioso do movimento sem-terra paraguaio
Os conflitos em Ñacunday têm como principal entrave a medição judicial a cargo do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert). Uma das formas mais seguras de se verificar a situação destas terras seria a medição de acordo com as leis vigentes no Paraguai, o que ainda não aconteceu. Este impasse vem sendo permeado de um lado por um claro caráter etnofóbico e de outro por uma forte rejeição às reivindicações dos campesinos paraguaios.
Ñacunday e as alegações de títulos duplicados ou falsos não são exceções em um país de 406 mil km² que tem, no entanto, 530 mil km² de propriedades registradas. Algumas contam com dois, três e até mais títulos, quando judicialmente apenas um é válido. Se diante disso se mostra insensato opor-se à medição judicial, não menos legítimo é utilizar-se desta proposta de medição para se criar um clima de desestabilização e impasse no campo.

Os primeiros sem-terra chegaram à região há cerca de um ano. Em abril de 2011, um grupo ocupou parte das terras do brasileiro Tranquilo Favero, o maior produtor individual de soja no Paraguai. Em julho, policiais cumpriram a ordem de reintegração de posse e desocuparam a área pacificamente. De volta ao acampamento, passaram a reivindicar uma área vizinha com aproximadamente167 mil hectares que se espalha pelos estados de Alto Paraná e Itapúa, na fronteira com a Argentina. Os carperos exigem que o Estado retome a área que teria sido ocupada e repassada ilegalmente a outros agricultores ainda em 1890.
A reportagem da Gazeta do Povo esteve no Paraguai nesta semana diversas vezes para detalhar o que cada lado alega. Confira:
“Os títulos das nossas terras são todos legais”
Estima-se que atualmente vivam no Paraguai cerca de 350 mil imigrantes e descendentes brasileiros. A maioria agricultores e pecuaristas instalados há quatro décadas nos estados de Alto Paraná, Itapúa e Canindeyú, na fronteira com o Brasil e a Argentina. “São três gerações: filhos e netos de brasileiros, quase todos nascidos aqui, paraguaios como os próprios campesinos, com direitos e deveres iguais”, aponta o representante da Coordenadora Agrícola do Paraguai (CAP) em Santa Rosa, Márcio Giordani, 35 anos, agricultor, paraguaio, filho de brasileiros.
Desde o início do impasse entre carperos e produtores da região, os agricultores têm recorrido à Justiça para provar que não há restrição à posse das terras reivindicadas pelos campesinos de Ñacunday. “Os títulos das nossas terras são todos legais. Foram comprados e pagos. Os bancos aceitam esses documentos como garantia para conceder crédito aos agricultores”, afirma. “Se na época o governo fez alguma coisa errada, não podemos responder por isso”, avalia.
Alvo dos carperos, o Grupo Favero possui 9 mil hectares de terra na área de conflito. Com uma produção anual de quase 400 mil toneladas de soja, cerca de 8% da produção nacional, é responsável por cerca de 2 mil empregos diretos. “Se tudo isto é ilegal, por que o governo nunca questionou a legitimidade destas terras?”, reforça o advogado e representante da companhia, José Costa. “Hoje se viram contra nós, amanhã será contra outros produtores. Este não é um conflito agrário, mas de interesses.”
Diretor estadual da CAP em Canindeyú, o engenheiro agrícola Hermes Aquino classifica o problema como uma questão de ordem social e histórica. “A falta de assistência acompanha os paraguaios há tempos. Vários dos que conseguiram do governo um pedaço de terra na verdade nunca foram nem serão agricultores. E aqueles que realmente querem trabalhar e ainda insistem em plantar passam necessidade sem ter o que comer”, afirma. “Muitos dos que estão aí neste acampamento certamente estão interessados apenas na vantagem que podem ter.”
“Os brasileiros são os verdadeiros invasores”
Transportador de mercadorias em Ciudad del Este, Victoriano López, 59 anos, se apresenta como líder dos carperos de Ñacunday, no Paraguai. Há dois anos como dirigente campesino diz não saber como entrou para o movimento, mas garante não querer terras. “Sempre trabalhei e minha família tem uma boa condição de vida. Não preciso de nada. Estou lutando pelo direito destas pessoas, os legítimos paraguaios, e pela soberania do meu país”, justifica, acompanhado por dezenas de homens, mulheres e crianças do acampamento Santa Lucía.
Sobre o risco de confronto com a polícia ou os proprietários das terras, ele diz acreditar na Justiça, mas admite não poder controlar a multidão que está aguardando uma solução para o impasse. “No início éramos um grupo pequeno. Hoje são entre 7 mil e 10 mil pessoas que exigem o pedaço de chão a que têm direito. Não incentivo a invasão, mas se decidirem ocupar o restante das terras, sozinho não posso fazer nada”, afirma. “As condições são precárias. Crianças estão doentes. Não há o que beber ou comer. Todos estão no limite.”
Por todo lado, táxis e mototáxis indicam que muitos dos que estão no acampamento nunca foram agricultores. Questionado sobre a possibilidade de receberem terras em outra região, López dispensa. “Queremos estas terras, nossas de direito. Tenho certeza que não sairemos de mãos vazias. Daqui só sairemos mortos”, enfatiza. Ele assegura ainda que não haveria problemas em dividir a área com os brasileiros, “desde que se prove e a Justiça aceite que os títulos são legais.”
Na semana passada, um grupo de carperos entregou ao presidente Fernando Lugo um documento com mais de 10 mil assinaturas exigindo a retomada da área de mais de 167 mil hectares entre os estados de Alto Paraná e Itapúa, a mais produtiva do país. “Os brasileiros são os verdadeiros invasores destas terras. Desde 1890 esta área, antes coberta por ervais, e outras que somam 530 mil hectares, vêm sendo ocupadas e vendidas ilegalmente. Os títulos que os brasileiros dizem ser legais são todos falsos. E, se são verdadeiros como dizem, por que não mostram?”, desafia.