quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Carperos avançam e polícia retira reforço

Marcos Labanca/Gazeta do Povo
Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Acampamento dos sem-terra se estende por 8 quilômetros, à espera para invadir propriedades próximas  
Acampamento dos sem-terra se estende por 8 quilômetros, à espera para invadir propriedades próximas 
 
Dez mil pessoas estão à espreita para invadir terras de brasileiros. Maior produtor do país inicia colheita sob escolta
Cerca de 150 policiais mobilizados para cumprir uma ordem de reintegração de posse em favor de dois agricultores brasileiros em Ñacunday, no Paraguai, retornaram ontem a Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. Deixaram a região um dia depois que parte dos mais de 8 mil sem-terra acampados às margens da estrada começou a avançar sobre fazendas do Grupo Favero, um dos mais produtivos do país, que anteontem voltou a colher soja com auxílio de escolta policial.
Os carperos – como são chamados em espanhol os que vivem em barracas – reivindicam uma área de mais de 167 mil hectares que alegam ser do Estado e que teria sido ocupada ilegalmente por estrangeiros, a maioria brasileiros, a partir de 1890. “Os produtores que hoje estão explorando estas terras não têm direito sobre elas. Os títulos que dizem ter são falsos. Não teríamos problema de dividi-las com os brasileiros, desde que provassem que têm direito sobre elas”, desafia o líder sem-terra Victoriano López.
Em cinco meses, o acampamento Santa Lucía passou de 200 para 10 mil carperos. “Temos condições de mobilizar mais de 30 mil, basta uma ordem da coordenação”, garante López. Na terça-feira, o grupo começou a avançar sobre as terras do brasileiro Tranquilo Favero. Os sem-terra deixaram a área pacificamente, antecipando-se à possibilidade de confronto ar­­mado e retirada forçada pela polícia em cumprimento à reintegração de posse. A estratégia é ganhar tempo, já que as decisões judiciais se referem à antiga ocupação. Agora ocupam 8 quilômetros sob as linhas de transmissão de energia da estatal Ande.
As invasões e ameaças contra os agricultores levaram o Consulado Brasileiro a solicitar, em nota, proteção policial aos produtores. “Os brasileiros en­­vol­­vidos neste conflito possuem títulos de propriedades legalmente inscritos nos Re­­gistros Públicos, o que lhes garante plena validade, até que se demonstre em sentença definitiva de juiz competente que são nulos. Por isso, têm o direito expresso na Constituição Na­­cional de dispor de sua propriedade privado, a qual deve ser garantido pelas autoridades competentes.”

  Fabiula Wurmeister, enviada especial / Gazeta do Povo
Foto : Marcos Labanca / Gazeta do Povo

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