quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Batalhão altera logística do crime


Marcos Labanca/Gazeta do Povo / Polícia de Fronteira atuam em 200 km, entre Foz e Guaíra
Polícia de Fronteira atuam em 200 km, entre Foz e Guaíra - Foto Marcos Labanca / Gazeta do Povo



O primeiro Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) do país completou três meses de atuação ontem e está conseguindo mudar a logística e a rotina de contrabandistas e narcotraficantes que atuam na faixa de cerca de 200 quilômetros de extensão de Foz do Iguaçu até Guaíra, no Oeste do estado. Barreiras diárias nas estradas vicinais e nas rodovias da região têm forçado as quadrilhas a rever a estratégia de escoamento das mercadorias, armas, munições e drogas que entram ilegalmente no país pelo Paraguai. Rotas antigas estão sendo transferidas para a divisa do Paraná com outros estados.
O monitoramento de algumas das áreas que abrigam grande parte de portos clandestinos às margens do Lago de Itaipu indica que o movimento tem diminuído. “Antes, notávamos muitas marcas de pneus, várias delas recentes. Hoje, as marcas não são muito comuns e a vegetação chegou a cobrir parte das picadas feitas no mato”, compara o comandante da 1.ª Companhia do Batalhão de Fronteira de Marechal Cândido Rondon, tenente Jimmy Cajuhy Carlesso.
Balanço
Com 90 policiais, ações detiveram 60 pessoas
Inaugurado no dia 25 de julho, o Batalhão de Fronteira da PM-PR em Marechal Cândido Rondon conta com uma estrutura ainda acanhada para combater o tráfico de drogas vindas do Paraguai. Porém, com 12 caminhonetes, seis motocicletas, 90 policiais militares e três meses de atuação, foram abordadas mais de 14 mil pessoas e quase 4,5 mil veículos, cumpridos 15 mandados de prisão, detidas 60 pessoas – 33 delas presas em flagrante –, recuperados oito veículos e apreendidos outros 55. As abordagens em bloqueios montados nas estradas da região que ligam os 139 municípios da faixa de fronteira também ajudaram os militares a tirar de circulação munições, armas e simulacros de espingardas, drogas, cigarros e mercadorias contrabandeadas.
De acordo com o comandante, estes são sinais que comprovam a mudança de estratégia das quadrilhas. “Se não estão utilizando ou reduziram a frequência naqueles pontos, certamente passaram a utilizar outros. Quando se reforça a fiscalização em uma região, a tendência é que migrem para onde o controle é menor”, observa. A apreensão de comboios no Sudoeste e no Noroeste do estado e o cruzamento de informações levaram a Secretaria de Estado de Segurança Pública a estudar a implantação de outras duas bases do BPFron, uma na região de Altônia e outra próxima a Foz do Iguaçu, além das de Guaíra e de Santo Antônio do Sudoeste.
Presença policial aumenta a sensação de segurança
Atuando não só nas rodovias, mas nas estradas vicinais, bairros e até no centro das cidades que formam o cinturão em torno do lado brasileiro do Lago de Itaipu, a presença de policiais do Batalhão de Polícia de Fronteira em Marechal Cândido Rondon tem aumentado a sensação de segurança na região.
Moradores, antes assustados com a disputa entre contrabandistas e traficantes de drogas e com a chegada de quadrilhas à região, dizem que o temor tem diminuído. “Nos últimos anos, muita gente não queria nem mais sair de casa à noite. Mas, com a polícia aí, isso aos poucos está mudando”, comentou o comerciante Jorge Keller.
A presença policial constante, aponta o vice-presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná e prefeito de Corbélia, Eliezer Fontana, aumenta a confiança na corporação e é mais um reforço aos outros órgãos de segurança, como a Polícia Federal, responsável pela proteção das fronteiras. “Sozinha uma polícia não faz muito, mas em conjunto e integrada, sim”, diz. “As pessoas também estão mais seguras para denunciar sem medo de serem perseguidas depois.”

 Publicado em 27/10/2012  no Jornal Gazeta do Povo| Fabiula Wurmeister, da sucursal

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